quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

A Guerra e os Invasores!









O cinema, sempre majestoso. O terror, o renegado gênero. A guerra, o constante medo mundial. Pratos cheios para internacionalistas, cinema e guerra sempre geram bons debates, e boas discussões. O cinema sempre foca a temática da guerra no gênero drama. Das megas produções hollywoodianas como ‘O Resgate do Soldado Ryan’, que mostra a Segunda Guerra de um impressionante ponto de vista americano, a cult movies como ‘Adeus Lênin!’ que retrata os efeitos da Guerra Fria, ambos ótimos, mas um filme de guerra ambientado no gênero terror é mais desconcertante, e aguça a curiosidade de qualquer cinéfilo.
Com certeza Jack Finney ao escrever sua obra entitulada ‘The Invasion of The Body Snatchers’, não imaginaria o alvoroço que iria causar, e muito menos que tocaria no assunto guerra, ou sabia? O “livreto” conta à história de uma espaço-nave americana que caí na Terra, trazendo consigo uma estranha epidemia alienígena, causando um estranho comportamento nas pessoas que adquirem o vírus. Nos anos 50 no auge da Guerra Fria, onde o mundo já estava separado nos dois blocos, Kevin McCarthy e Dana Wynter, queridinhos de Hollywood da época, estrelaram o filme livremente baseado na obra de Finney, e dirigido por Don Siegel, Vampiros de Almas (The Invasion of The Body Snatchers), conta com o mesmo argumento do livro, mas em tempos de Guerra Fria isso teria outra conotação. Para quem assiste ao filme pela primeira vez atualmente, é um simples filme de ficção-cientifica, mas na época foi diferente. A história gira em torno de uma mulher (Dana Wynter) que após ficar sabendo sobre a queda da espaço-nave, e que um estranho vírus está se alastrando, começa a reparar que seus vizinhos agem de uma estranha forma. O vírus não transforma as pessoas em zumbis, tão pouco em vampiros como sugere o criativo título brasileiro, elas simplesmente não são elas mesmas, agem como robôs, e pensam em construir uma nova sociedade perfeita, sem guerra, sem destruições, mas também sem demonstrar emoções para com o próximo, estes não mais seriam humanos. Dizem as “más-línguas” o filme foi uma conspiração do governo americano para informar que o socialismo tentaria penetrar na América, de uma forma invasora, e que se desse certo transformaria as pessoas em meros capachos de uma forma de governo ridícula, e que os americanos tinham o dever de combater os chamados “invasores”. Teoria esta não muito acreditada, mas não menos interessante.





A obra já ganhou algumas refilmagens, uma em 1986, e ano passado. Depois de quase 50 anos chegou aos cinemas à refilmagem ‘The Invasion’ ou ‘Invasores’ com Nicole Kidman e Daniel Craig, não tão bom quanto o original, mas também longe de ser um filme ruim. Basicamente com o mesmo enredo, a diferença é agora a presença forte de Kidman, o orçamento de um grande estúdio e uma nova guerra. Aqui não existe manipulação do governo no cinema, nem crítica ao socialismo, regime já quase extinto, mas sim ao fraco governo de George W. Bush. Em uma determinada cena, em que a epidemia já esta espalhada, e todos já agem sem emoção, uma senhora assiste ao noticiário da conhecida rede CNN, nele é notificado que o Presidente dos EUA, mandou as tropas saírem do Iraque imediatamente, e que tudo estava em paz com o Oriente Médio. Já em outra, no final do filme, um cientista que acha a cura, e que consegue que ela surta efeito, analisa o fato e diz: “Para o bem ou para o mal voltamos a ser humanos”, em seguida entra a cena de um novo noticiário alertando que uma nova guerra estava para ser travada, e o personagem de Daniel Craig diz: “Será que estas guerras não vão acabar nunca?” Cenas impagáveis.
O interessante da obra de Jack Finney, é que ela coube como uma luva, para as críticas sociais de 50 anos antes com a Guerra Fria, e de um governo caótico americano destes últimos oito anos, Finney não saberia o “estrago” que faria. O governo Bush está se despedindo, e vêm aí uma nova era, e tomara que os “invasores” não estejam presente para mais uma guerra. Outra questão que a obra aborda é, se vale deixar de fazer guerra, de roubar, de manipular, para viver em uma sociedade ideal, mas sem demonstrar nenhuma emoção, vivendo para sempre como um robô. E lembre-se não demonstre emoções por que eles estão chegando!

escrito por: Lucas Brilhante Veloso.