sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

CONCENTRAÇÃO FINANCEIRA E INTEGRAÇÃO HORIZONTAL NO SETOR BANCÁRIO BRASILEIRO

Autor: Prof. Elói Martins Senhoras



A concentração bancária existente no Brasil ganhou um novo impulso dinamizador oriundo de uma seqüência de fusões que se processaram segundo estratégias endógenas aos bancos e reflexivas à conjuntura nacional e internacional do sistema financeiro.

O nível de concentração dos ativos financeiros bancários se exacerbou com uma nítida centralização do marketshare nas mãos de um restrito número de 10 grandes grupos que polariza a estrutura interbancária com ativos superiores a R$ 100 bilhões vis-à-vis a existência de uma pluralidade de mais de 130 pequenos bancos com ativos inferiores a R$ 10 bilhões.

A lógica de concentração interbancária no Brasil é considerada uma estratégia ofensiva de integração horizontal via fusões e aquisições que tem sido alimentada por uma conjuntura nacional e internacional com o objetivo de diminuir, de um lado, os custos de transação e a concorrência dos bancos individuais, e de outro lado, os riscos de crise na estrutura setorial bancária advindos dos canais de interdependência financeira de ativos e débitos cruzados.

As prolongadas negociações pré-existentes entre os bancos nem sempre divulgados publicamente se aceleraram no último mês em função da crise internacional que colocou em xeque a saúde de instituições internacionais e indicou possíveis canais de vulnerabilização dos bancos nacionais.

No setor privado, inicialmente, a compra do Banco Real pelo Santander acirrou o ambiente de competitividade entre os bancos, o que repercutiu na formação de uma estratégia agressiva de retaliação pelo Itaú ao comprar o Unibanco, que veio sentir impacto da crise financeira estadunidense em função de ser o responsável pela gerência da seguradora AIG no Brasil.

No setor público, além da recente compra do banco estadual paulista Nossa Caixa pelo Banco do Brasil, observa-se que os bancos controlados pelo União - Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal - estão aproveitando a crise internacional para comprar as carteiras de crédito de bancos privados, dando assim continuidade a uma estratégia governamental de compra de bancos estaduais ao longo da gestão Lula. Enquanto as instituições financeiras particulares restringem a oferta de crédito, os bancos públicos ampliam a concessão de empréstimos ao mercado.

O resultado da configuração concentrada da nova estrutura setorial bancária não traz uma característica suis generis de uma estratégia nacional engendrada pelo setor governamental e respondida pelo setor privado, mas antes reflete uma tendência mundial do último quartil, que faz inserir tardiamente os bancos líderes da estrutura bancária brasileira entre os mais líquidos internacionalmente, porém com um alto poder assimétrico sobre o mercado, o que, porém nem sempre beneficia os clientes finais.





Postado por: Hélio Araújo.